Profissionais à beira de um ataque de nervos
Provocada por crises de estresse que causam efeitos na vida profissional
e pessoal, a Síndrome de Burnout pode se transformar em doenças sérias
Por Gabriel Aguillar
Um certo grau de estresse em nosso dia-a-dia é considerado comum por especialistas da área de Psicologia, dizem até que ele nos ajuda a desempenhar tarefas difíceis e que exigem preparo emocional. Porém, quando o profissional apresenta quadros crônicos de estresse, como agitação, nervosismo e desânimo, e demonstra, principalmente, uma dificuldade em voltar ao padrão de normalidade após uma crise comum, ele pode estar sofrendo da Síndrome de Burnout.
O termo Burnout se refere à 'queima' ( burn, em inglês ) 'exterior' ( out, em inglês ), sugerindo que o paciente com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente. "O estresse comum, de certa forma, faz parte do dia-a-dia. Quando você vai correr, jogar bola ou exercer uma atividade física qualquer, temos situações de estresse, pois ele te prepara para determinadas situações. Já a Síndrome do Burnout tem a ver com a incapacidade do indivíduo de voltar ao padrão de normalidade após a crise de estresse", afirmou o professor Luiz Gonzaga Leite, chefe do departamento de Psicologia do Hospital Santa Paula.
O maior risco do Burnout acontece quando o paciente não admite ou não sabe como lidar com ele. Nesses casos, a Síndrome pode se transformar em doenças em um processo de somatização realizado pelo próprio indivíduo. "Em médio ou longo prazo, esses doentes começam a somatizar o problema, que é encontrar no corpo uma forma de expressão. Enxaqueca, gastrite, doenças de pele, taquicardia e até câncer podem refletir o processo de ação do Burnout. De uma forma ou de outra, se o indivíduo não pára pela síndrome, pára por alguma dessas enfermidades", completou Leite.
A forma de tratamento pode ser dividida em etapas, sendo essencial o contato com um médico assim que identificar algum dos sintomas da Síndrome. "Em muitos indivíduos, deve ser observado uma agitação psicomotora, um estado de inquietação permanente no qual a pessoa não consegue ficar tranqüila. Se o indivíduo tiver também problemas com a alimentação, com a sexualidade ou com o sono, algo está errado".
"Alguns desses sintomas podem ter causas de origens orgânicas e o primeiro passo seria descartar essa hipótese. Um bom clínico geral ajuda a descobrir se a causa é ou não orgânica. Passada essa fase, o médico pode passar uma medicação ao paciente e recomendar uma psicoterapia, para que um psicólogo auxilie o indivíduo a lidar com essas situações", explicou Leite.
Tirar um período de descanso no trabalho também é altamente recomendável. Veja abaixo mais dicas do prof. Luiz Gonzaga Leite para identificar se os sintomas de estresse são comuns ou escondem a Síndrome de Burnout:
• Procure identificar os agentes "estressores" e tente lançar mão de recursos que minimizam seus efeitos. Quando a pessoa sabe de onde vem a pressão, é meio caminho andado para buscar soluções;
• Procure preencher seu tempo livre com atividades que relaxam ou distraem. Passe mais tempo com a família, com os amigos ou com o ser amado. Programe passeios com a turma ou mesmo sozinho, desde que se sinta bem;
• Dedique algum tempo livre a trabalhos voluntários. Quando você se dispõe a ajudar os outros, desloca o foco dos próprios problemas;
• Tire um dia para não fazer nada. Sabe aquele dia em que não se tem hora para levantar da cama, nem compromisso com ninguém? De preferência, não atenda nem ao telefone; Se o seu maior problema for o trabalho que vem desempenhando, use seu tempo livre para fazer um test-drive em uma nova carreira. A insatisfação profissional é um fator desencadeante de muitas doenças, como o alcoolismo, por exemplo.
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