RIM (BlackBerry)
Assim como a HTC, a RIM produz um volume relativamente pequeno de aparelhos, mas, em compensação, é uma das maiores dentro do segmento de smartphones, justamente por produzir apenas smartphones. A RIM chegou a ter quase 50% das vendas nos EUA, mas, em compensação, é bem menos popular em outras partes do mundo, incluindo no Brasil, onde o uso dos aparelhos é restrito a alguns nichos, muito embora venha crescendo lentamente.
A linha atual é focada em três aparelhos: o Curve, o Perl e o Bold, que é o novo carro chefe. Em seguida, temos também o Blackberry Storm, que inaugurou uma nova linha de aparelhos, sem teclado e com tela touchscreen.
O BlackBerry Curve é de longe o modelo mais popular no Brasil, baseado em um processador Intel XScale PXA272 de 312MHz, com uma tela QVGA tradicional. Apesar de ser grande em relação a outros aparelhos (107 x 60 mm, com 15.5 mm de espessura), ele é relativamente leve (110 gramas), o que faz com que seja fácil de carregar.
Outra peculiaridade é que, em vez de utilizar touchscreen ou um direcional, ele utiliza um trackball, que controla um cursor de mouse. Ele é difícil de dominar no começo (já que exige movimentos bem mais precisos), mas você acaba se acostumando com ele depois de alguns dias.
Como vimos no primeiro capítulo, a maioria das funções podem ser utilizadas apenas em conjunto com um servidor BIS ou BES, por isso a assinatura do plano de acesso é quase que obrigatória. É possível compartilhar a conexão com o PC, mas a velocidade é ruim, pois o Curve é ainda um aparelho pré-3G, que suporta apenas GPRS e EDGE.
O Curve também não oferece suporte a Wi-Fi, o que fez com que ele perdesse alguns usuários para o Nokia E61i, que era o concorrente direto na época em que foi lançado. Existe também uma versão do Curve com GPS integrado, o 8330, mas ele não chegou a ser lançado no Brasil.
Ele não é exatamente um aparelho voltado à multimídia (já que, como esperado, a ênfase é nas funções de comunicação), mas as funções básicas para ouvir MP3 e assistir vídeos, estão disponíveis. Ele é equipado com uma câmera de 2.0 MP (com um LED flash relativamente poderoso), mas a qualidade das fotos fica longe de ser espetacular, devido à falta de otimização do software de pós-processamento. O ponto mais negativo do pacote de softwares é o navegador web, que é bastante limitado.
Em seguida, temos o BlackBerry Perl, que é um modelo mais compacto. Ele usa uma tela menor (2.2", com apenas 220x260) e o teclado de 20 teclas com o SureType, que acaba sendo um meio termo entre o T9 e o QWERTY, tanto em termos de espaço quanto na questão da velocidade de digitação.
BlackBerry Curve e o BlackBerry Perl
O Perl foi o primeiro BlackBerry a adotar o uso do trackball (ele foi na verdade lançado um pouco antes do Curve) que, com a iluminação, fica parecendo uma pérola branca entre a tela e o teclado, daí o nome.
O BlackBerry Bold é o sucessor do Curve. Ele mantém todas as características e recursos básicos, mas adiciona um conjunto de melhorias importantes. A primeira delas é a tela ligeiramente maior, com resolução de 480x320, que é acompanhada por uma versão sensivelmente aperfeiçoada da interface e melhorias diversas na suíte de aplicativos.
Ele inclui também suporte a 3G (como não poderia ser diferente em um aparelho lançado no final de 2008) e um receptor GPS, acompanhado por um software de navegação (o BB maps), que acaba sendo uma melhoria particularmente bem-vinda, considerando o público-alvo. O processador foi atualizado para o Marvell PXA930 de 624 MHz, um upgrade significativo em relação ao Intel XScale de 312 MHz do Curve.
Diferente dos modelos anteriores, ele inclui também suporte a Wi-Fi. Este não é um recurso tão essencial quanto em outras plataformas, uma vez que os planos de dados para o BlackBerry incluem tráfego de dados ilimitado. Apesar disso, o Wi-Fi torna as coisas bem mais rápidas quando você está dentro da área de cobertura da rede, já que, mesmo no HSDPA, as velocidades podem ser muito baixas em áreas congestionadas, ou com pouca cobertura. Mesmo usando o Wi-Fi, o Bold continua acessando através do servidor BES ou BIS, usando a conexão de internet para criar um canal encriptado.
O teclado ficou um pouco maior e mais confortável, e o visual ficou mais sofisticado, destoando um pouco da visão austera dos modelos anteriores. A tela maior fez com que ele se tornasse uma boa plataforma para vídeos e música (com direito a um conector de 3.5 mm para o fone), muito embora o suporte a multimídia esteja longe de ser uma prioridade. A única desvantagem do Bold em relação ao Curve, é que ele ficou um pouco maior e mais pesado (136 gramas), embora mais fino.
BlackBerry Bold e o BlackBerry Storm
Assim como todos os outros fabricantes, a RIM sentiu a pressão gerada pelo lançamento do iPhone, o que deu origem ao BlackBerry Storm, um aparelho radicalmente diferente dos anteriores, que abriu mão da principal característica dos BlackBerry (o teclado QWERTY), em favor de uma tela maior (3.25", com resolução de 480x360), com touchscreen e teclado virtual.
Para quem vem de outros aparelhos da RIM, o Storm é realmente um caso de amor ou ódio. Se você quer um BlackBerry com uma tela espaçosa, para navegar e assistir vídeos, ou simplesmente se você se sente mais confortável usando uma tela touchscreen, a mudança pode ser bastante positiva. Entretanto, se você usa o BlackBerry principalmente para responder e-mails, editar documentos e digitar textos longos (que é o principal motivo para ter um BlackBerry, afinal), o Storm provavelmente será uma decepção, pois o uso do teclado virtual limita bastante a velocidade de digitação e aumenta muito o volume de erros. Ele também possui muitos bugs relacionados à mudança da interface, resultado da pressa por parte da RIM em colocá-lo no mercado.
Com relação à digitação, é possível usar o teclado virtual em dois modos. No modo retrato é usado o SureType, onde cada tecla representa dois caracteres, enquanto ao mudar para o modo landscape é usado um teclado QWERTY completo. Isso faz com que as teclas sejam exibidas em um tamanho razoável em ambos os modos, permitindo que você digite usando os polegares (em vez de uma stylus, como nos aparelhos com o Windows Mobile).
Embora o touchscreen utilize um filme resistivo tradicional, ele inclui uma nova tecnologia, chamada SurePress, que tenta imitar (embora sem muito sucesso) o feedback tátil de um teclado real, combinando uma pequena resistência por parte do touchscreen com um feedback tátil e auditivo cada vez que uma tecla é pressionada.
Uma das falhas do Storm é a falta de suporte a Wi-Fi, o que é um pouco difícil de engolir em um aparelho de alto custo, lançado no final de 2008. Um dos grandes motivos da decisão não tem a ver com os custos, mas sim com a pressão das operadoras americanas (o principal reduto da RIM, afinal), que, naturalmente, preferem que os usuários paguem pelos planos de dados ilimitados, em vez de utilizarem redes Wi-Fi para tráfego de dados. Isso, entretanto, não significa que a RIM não possa vir a lançar uma versão atualizada e com Wi-Fi no futuro.
Concluindo, o Storm é a tentativa da RIM de se ajustar às mudanças do mercado. A integração com o Exchange, que era o principal diferencial do BlackBerry, já está disponível em praticamente todos os aparelhos atuais, através de softwares como o Mail for Exchange (que pode ser instalado gratuitamente em qualquer smartphone da Nokia, incluindo modelos de baixo custo, como o 6120c), o ActiveSync (disponível nos aparelhos com o Windows Mobile) e o cliente de e-mails do iPhone.
É possível, também, acessar um servidor BIS ou BES em outros dispositivos usando o Blackberry Connect (http://na.blackberry.com/eng/ataglance/connect/), também disponível para várias plataformas, sem falar no Gmail e nas inúmeras outras soluções de e-mail móvel que atendem a usuários que querem uma solução mais simples.
Com isso, aparelhos com teclado QWERTY baseados em outras plataformas, como o Nokia E61i (e mais recentemente o E71) e o HTC TyTN II, passaram a se tornar populares dentro do ramo corporativo, que é o tradicional reduto da RIM.
A solução encontrada por eles foi tentar crescer entre os usuários finais, daí a idéia de lançar aparelhos com telas touchscreen, como o Storm. O grande problema é que a mudança alienou alguns dos antigos usuários da plataforma, acostumados com a praticidade dos aparelhos anteriores, com teclado QWERTY, o que colocou a RIM em uma situação vulnerável. Se não conseguirem arrumar a interface touchscreen, ou se não conseguirem lançar novos aparelhos de forma pontual, a plataforma corre o risco de se tornar irrelevante.
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